quinta-feira, 5 de julho de 2007

Rodada de "compadres"

- Jogos mornos, sem a disputa das duas rodadas iniciais, bastantes burocráticos. Foram assim as últimas partidas dos grupos A e B, nos dois últimos dias. No grupo dos anfritriões, a Venezuela, já classificada, fez o suficiente para apenas empatar com o Uruguai por 0 a 0. Como o resultado dava a classificação para as duas equipes, imagine, então, como foi a partida. Duas equipes jogando na defesa, cautelosas, especialmente o Uruguai, que nem pensava na possibilidade de perder a partida e a vaga como melhor terceiro colocado. O 0 a 0 foi bom para as duas equipes e classificou a Venezuela em primeiro. Quem não gostou muito foram os torcedores, que expressaram seu descontentamento por meio de contundentes e audíveis vaias. Mas as duas seleções terão a chance de se redimirem do tenebroso jogo de quarta-feira. Na próxima fase, o confronto se repete, pois o primeiro do grupo A enfrenta o segundo melhor terceiro, respectivamente, Venezuela e Uruguai. Nenhuma das duas equipes apresentou um futebol de semifinalista na primeira fase, porém, o fator casa pode beneficiar os venezuelanos. O Uruguai, se quiser mostrar um futebol ao menos eficiente e figurar entre os quatro melhores do torneio, terá que apresentar significativas mudanças, principalmente de comportamento dentro de campo.
- No mesmo grupo A, Peru e Bolívia se enfrentaram em Mérida, na única agradável desta última rodada. Ao Peru bastava apenas um empate, já para a Bolívia apenas a vitória manteria a equipe viva na competição. Claudio Pizarro, que jogará no Chelsea, salvou o Peru da eliminação, marcando dois gols importantes, e também também a sua reputação para com a imprensa, que o vinha criticando duramente por suas discretas atuações no torneio (na foto acima, ele celebra com vigor um de seus gols: Reuters). Depois de uma inesperada goleada sobre o Uruguai, uma derrota para a Venezuela e um empate com os bolivianos, a equipe de Julio Cesar Uribe se classificou em segundo, com 4 pontos, a mesma pontuação do Uruguai, que ficou atrás pelo saldo de gols - saldo de -2, contra o saldo positivo de 1 do Peru. Os bolivianos marcaram apenas dois pontos e deram adeus à competição. O que determinou a eliminação da equipe comandada por Erwin Sánchez foi a derrota para o Uruguai, equipe de qualidade bastante discutível. Enquanto os bolivianos lamentam a campanha ruim, o Peru tem muito com o que se preocupar. O adversário nas quartas-de-final será o primeiro colocado do grupo C (Paraguai e Argentina decidem a primeira posição na noite de hoje).
- No grupo B, onde as coisas já estavam bem definidas antes mesmo da última rodada, com o México já classificado e o Brasil enfrentando o quase eliminado Equador, as partidas foram de pura e clássica camaradagem. Na partida de 19h30, o México encarou o Chile, na cidade de Puerto La Cruz. As duas equipes entraram bem modificadas em campo, o México poupando titulares e o Chile com desfalques por contusão, dentre eles Valdívia. Resultado: uma partida de baixíssimo nível técnico, quase sem disputa e chances de gol. Quase, porque, na segunda etapa, as equipes até tentaram, se esforçaram para chegar ao gol do adversário. Mas esbarraram na falta de pontaria e na falta de vontade de vencer. O empate foi bom para ambos. O México garantiu a primeira posição do grupo e o Chile a terceira posição, eliminando o Equador antes mesmo do início da partida contra o Brasil. No entanto, México e Chile terão que esbanjar disposição na próxima fase. O Chile pega o Brasil novamente, torcendo para que Robinho não repita a atuação do último domingo. Já o México enfrenta o indefinido segundo colocado do grupo C. Contra quem quer que seja, Paraguai ou Argentina, a equipe de Hugo Sánchez terá que provar que pode conquistar o título inédito da Copa América, repetindo a eficiência e a competência apresentadas contra o Brasil na primeira fase.
- Falando em Brasil, a equipe de Dunga entrou em campo logo depois da partida do México, para decidir, ou melhor, confirmar a vaga para a próxima fase contra o Equador. E, para quem esperava um brasil com cara de brasil, a decepção veio logo cedo. Dunga parece ter gostado do segundo tempo da partida contra o Chile, e escalou o Brasil com a mesma formação que terminou aquela partida: Júlio Baptista como meia-direita, Josué como volante pela esquerda e Daniel Alves na lateral-direita. A escalação, logo de cara, já revela um time muito cauteloso, medroso, amarrado demais para uma seleção brasileira. Com três volantes, Josué, Mineiro e Gilberto Silva, e um quase meia Júlio Baptista, o Brasil entrou em campo para encarar o Equador, uma equipe que entrou com modificações, mas que prometia um jogo puramente defensivo. O Brasil teve o domínio da posse de bola durante boa parte do segundo tempo, mas não sabia o que fazer com ela. Com um meio-campo extremamente rígido, as únicas jogadas ofensivas eram: a infiltração de Robinho na defesa adversária, para tabelar com Vagner Love ou Baptista, passes laterais e levantamentos para a grande área, feitos da intermediária do campo de ataque. Muita mediocridade para uma seleção brasileira. Mesmo assim, a equipe de Dunga teve algumas chances na primeira etapa, em cabeçadas de Baptista e chutes de curta e média distância de Robinho e Vagner Love. Mas o Equador também deu as caras na primeira etapa. Aproveitando os erros do amarrado meio-campo brasileiro na saída de bola, a desacreditada equipe de Luis Suárez chegou por duas vezes com muito perigo ao gol de Doni. Uma com Benítez, chutando de fora da área, para a defesa de Doni. E outra com Borja, que errou alvo por pouco, depois da saída precipitada do goleiro brasileiro. O Brasil respondeu com Robinho chutando para fora, depois de uma boa tabela, Vagner Love e Baptista, que pararam no goleiro Elizaga. A seleção terminou bem a primeira etapa, dando a esperança de uma atuação mais convincente na segunda etapa. Não foi isso o que aconteceu, mas o gol enfim saiu. Robinho pedalou pra cima do zagueiro Espinoza e foi detido com falta na grande área. Como na partida contra o Chile, Robinho cobrou, abriu o placar e decidiu novamente a favor do Brasil (foto acima: AFP). Ele agora é o artilheiro isolado da competição, com 4 gols. Instantes depois do pênalti, Dunga trocou Gilberto por Kléber e Daniel Alves tomou cartão amarelo. Como estava pendurado, o lateral ficará fora das quartas-de-final. O Equador se soltou um pouco na partida, saindo um pouco da retranca e tentando ficar com a bola no ataque. Se não fosse pelo juiz, que ignorou um pênalti claro de Alex em Espinoza, os equatorianos teriam chegado ao empate. O Brasil poderia ter se aproveitado melhor do relaxamento defensivo do adversário, mas preferiu se contentar com o empate. Se Robinho tivesse jogado como no último domingo, a atuação brasileira poderia ser novamente encoberta. Mas, desta vez, tudo ficou ainda mais claro. A torcida chiou e vaiou bastante. No entanto, Dunga parece estar, se não feliz, não tão preocupado com essa seleção. A única mudança para a próxima partida contra o Chile será a entrada de Alex Silva, que entrou no jogo contra o Equador, ou até mesmo Elano, no lugar de Daniel Alves, suspenso. E o comportamento retranqueiro, que promete apenas eficiência e resultado, deve permanecer em campo.
- Para quem acha essa postura defensiva, medrosa, amarrada uma grande novidade, eu busco na memória do futebol a seleção do tetra, em 1994, da qual Dunga foi capitão, e mostro que nada disso é surpresa. Aquele time, treinado por Carlos Alberto Parreira, também jogava com um meio-campo rígido, como o da partida de ontem: Mazinho, Mauro Silva, Zinho e Dunga. Leonardo entrava algumas vezes como meia, mas a formação o meio-campo preferido de Parreira tinha três volantes. Mais semelhanças? Quem decidia para aquela seleção era um certo camisa 11, chamado Romário. Neste atual time de Dunga, Robinho, que veste a 11, tem decidido para o Brasil. Resta saber se esse grupo se mostrará tão coeso, unido e eficiente como aquele campeão do mundo há 13 anos atrás.

4 comentários:

Climão Tahiti disse...

Resta saber também se Robinho seguirá o destino de ser camisa 11, ou seja, chegar a glória na seleção e depois vir pra o Rio de Janeiro e conhecer a nossa corja disfarçada de dirigentes.

Anônimo disse...

belo trabalho!

flw!

Richardson Porto disse...

Ótimo blog, informações nota 10. #)

Vamo ver sábado o Brasil, né?

Abraço.

Vitor disse...

O que me deixa mas triste é o fato de que após um jogo muito fraco, onde o técnico Dunga conseguiu errar em todas as suas substituições, o Dunga da uma entrevista dizendo que a seleção está jogando bem, porque ganhou do Chile por 3x0 e conseguiu ganhar de um equador com um time na retranca. Infelizmente, eu sou obrigado a torcer por um tropeço da seleção brasileiro, porque hoje não importa como o time está jogando e sim o resultado, então esse é o único modo para afastar um técnico que não tem capacidade nenhuma para dirigir uma seleção, e ainda se tratando de uma seleção brasileira.
E em relação a isso eu acho uma falta de respeito muito grande com os outros treinadores que estão desenvolvendo trabalhos muito bons em seus clubes visando um dia trabalhar na seleção brasileira, e na hora de escolher um técnico é escolhido alguém que nunca foi técnico na vida, e esse erro está sendo mostrado agora com essa sucessão de erros que ele anda cometendo.